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A felicidade – uma pantomima urbanóide

personae dramatica:

pacato cidadão – voltando da casa, cansado. Haverá esposa ou esposo? Perfil de publicitário medíocre ou bancário exausto.

mlk 1- sujo, mais agressivo. Fala cuspindo e interrompe o cidadão.

mlk 2- perfil de irmão mais novo, funciona como um eco, porém com o rosto mais fechado.

Cena 1- uma esquina qualquer de um bairro classe média. Fim de tarde, início da noite, alguma luz ainda resta impressa no céu. Há poças d´água. Choveu. O cidadão caminha despreocupadamente quando os dois pivetes surgem detrás dos sacos de lixo amontoados com cacos de vidro na mão.

mlk1- Perdeu prayboy, perdeu.

mlk2- É, perdeu!

cid- [gritando, assutado] ahhhh, não! Não! Pelamordedeus! Calma! Calma!

mlk1- Num grita, meu, num grita! Cala a boca e passa a felicidade!

mlk2- É! Passa a felicidade!

cid- O quê? Como assim?

mlk1- A felicidade, seu idiota! Passa a felicidade...

mlk2- Idiota!

cid- Mas eu... mas... péra! Péra ae... [tirando algo do bolso]. Toma. Pode levar! [entrega pro mlk mais novo]

mlk1- Que isso?

mlk2- É... é a carteira dele...

mlk1- [voltando pro cidadão] Cê é trouxa, véi? Porra, meu!!! A gente num quer a carteira, passa a felicidade!

mlk2- A felicidade, trouxa! [jogando a carteira de volta]

cid- Mas o quê ? É... ???[confuso, o homem olha sem entender pros 2 e tira o celular do bolso]

mlk1- [explodindo] Burro! Cê é muito burro, mano! Cê num sabe o que é a felicidade?

mlk2- Num sabe?

cid- Eu... eu não sei... eu num sei se eu sei...

mlk1- Porra, meu!!! Sabe ou não sabe?

mlk2- A felicidade, véi! A felicidade!!!

cid- [explodindo em choro e desespero] Eu não sei!!! Eu não sei!!!

[as crianças recuam surpresas, balançando a cabeça em reprovação, virando e partindo]

mlk1- Cê é muito trouxa, véi...

mlk2- [com total desprezo] Infeliz...

fábioshakall.04.2015.sp.br

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